Menos nascimentos, mais longevidade e o Brasil está aumentando sua população mais velha. Neste cenário, cresce a participação dos idosos nas atividades sociais como um todo. Pois, ao contrário dos estereótipos tão presentes na mídia e na publicidade, muitas pessoas dessa idade são ativas, produtivas e estão bastante conectadas. E é importante se atentar e rever esse novo comportamento da terceira idade.
O próprio conceito de “velho” mudou e, hoje, envelhece mesmo quem não percebe as mudanças e se mantém atrelado à ideia de velho de antigamente. Em todos os setores, inclusive do turismo e da hotelaria, a presença do pessoal com mais idade tem se tornado cada vez mais intensa e é preciso estar preparado e atualizado para receber essa demanda.
Dados e pesquisas no Google mostram os hábitos e anseios dessa população madura. É fundamental que empresas, profissionais e marcas estejam prontas para enxergar esse público com um olhar rejuvenescido. Confira os principais números e informações sobre esse Brasil mais velho.
Por que o Brasil está envelhecendo?
No Brasil, e também no mundo, as taxas de natalidade estão caindo. As pessoas estão tendo menos filhos. Além disso, os avanços na Medicina possibilitam que a expectativa de vida aumente de maneira global. Assim, a balança está pendendo para uma população mais velha em todo o planeta.
Pelas expectativas, no Brasil, o processo deve ser ainda mais acelerado. Daqui a 11 anos, a estimativa é que população brasileira terá mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças (de 10 anos ou menos).1
Com a população amadurecendo, vem aumentando também a curiosidade sobre o fato de envelhecer. Pode-se afirmar isso diante das buscas relacionadas ao tema que cresceram mais de 60% em relação a 2015 – ou a uma taxa de 13% ao ano, nos últimos 4 anos.
Tecnologia e terceira idade
Se engana quem pensa que essa fatia da população que deve se tornar maioria esteja por fora das inovações. Com interesses e hábitos de consumo plurais, os mais velhos vem derrubando preconceitos e estereótipos que eram associados às idades mais avançadas. A população sênior está mais ativa, mais saudável, consome mais e está mais conectada do que nunca.
Eles têm mais tempo para consumir
Um exemplo de como a comunicação com o público sênior precisa e pode melhorar por meio da tecnologia está no setor da moda. Da maneira como a maioria das campanhas são pensadas e elaboradas, mais atentas ao público jovem, o público mais velho acaba por não se identificar, e aí se perdem grandes oportunidades de gerar engajamento.
Um exemplo desse potencial é que, no canal da Marcia Gabriel no YouTube, especializado em moda, o vídeo “Moda depois dos 50 e 60” é o mais visualizado, com quase 1 milhão de views.
Aproximando gerações
Dando meia volta no senso comum, a vida digital, no lugar de criar barreiras entre as gerações, abre espaços e reduz as. No YouTube, por exemplo, pode-se ver que a troca de experiências entre as gerações é uma realidade e de sucesso. Diversos criadores produzem vídeos que derrubam os preconceitos da idade e criam um diálogo rico e importante entre pessoas de de diferentes gerações. Um exemplo é Nilson Izaias, que ficou conhecido como “vovô do slime”: nos vídeos dos seu canal, o apresentador tenta fazer a meleca que se tornou febre entre crianças e adolescentes, e acabou virando um fenômeno online. Já a norte-americana Shirley Curry é uma gamer de 92 anos. Os mais de 450 mil inscritos no seu canal no YouTube acompanham seus gameplays e interagem com a criadora.
Em relação aos aparelhos que permitem essa interação digital, os smartphones, por exemplo, que são associados à uma juventude conectada, vem sendo cada vez mais buscados pelos idosos, como mostram as pesquisas.
Eles têm mais tempo para amar
E o pessoal da terceira idade, no Brasil, é número um nesse quesito. Namorar é a única coisa que brasileiros e brasileiras maduros fazem mais que os sêniores de outros países quando estão conectados. Com a vida afetiva prolongada, os temas relacionados à sexualidade também aparecem como mais pesquisados pelas pessoas mais velhas na Internet.
Quem quer namorar também se preocupa com a aparência. Em paralelo, vem então o cuidado com a saúde e estética. Seja porque querem envelhecer bem, seja porque a vaidade está mais presente do que nunca, os mais velhos também estão mais ligados à imagem.
Eles têm mais tempo para produzir e empreender
De acordo com um estudo feito em 35 países desenvolvidos, há uma relação direta entre longevidade e produtividade no trabalho. A razão para isso? O fato de ter passado por vários estágios da vida faz com que a pessoa madura gaste menos tempo que os jovens em atividades que demandam dedicação, como criar filhos ou adquirir uma formação. Assim, o trabalhador sênior se torna mais comprometido com o trabalho e é muito mais rápido e seguro na tomada de decisões. No entanto, a realidade é que, embora as empresas reconheçam que a experiência traz vantagens, ainda são poucas as que apostam suas fichas nos benefícios da troca entre mais velhos e mais novos.
Mas essa realidade não assusta nem impede a terceira idade de usar a tecnologia para encontrar oportunidades de trabalho. O uso das buscas online por emprego para os mais velhos aumenta ano a ano. Como podemos ver nos números:
Para Mórris Litvak, idealizador do site MaturiJobs, a escassez de empregos formais para os profissionais com mais de 50 anos pode se transfigurar em uma oportunidade, caso essas pessoas apliquem sua experiência e conhecimento em um negócio próprio. Além disso, as empresas abertas por quem já passou dos 50/60 anos têm mais chances de prosperarem.
Eles têm mais tempo para planejar
O tempo de vida que vem crescendo não pode ser desperdiçado ou dispensado apenas com questões de saúde. Um envelhecimento saudável precisa ser e ativo, independente e de qualidade.
Nesse caso, a tecnologia ajuda as pessoas a se prepararem para uma velhice com qualidade de vida. As questões e preocupações que surgem com a longevidade ficam claras ao percebermos seu aumento nas buscas.
Envelhecer é uma arte e um direito
É preciso saber envelhecer e tornar os anos acumulados belos e poderosos aliados nesta jornada. Em alguns lugares do mundo, essa tarefa pode ser mais simples. Aqui no Brasil, no entanto, há dificuldades e barreiras que precisam ser ultrapassadas, já que o País ainda não está preparado para incluir os seus seniores. É o que pensa o médico Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil. Para ele, faltam políticas públicas e propostas concretas nesse sentido. Ainda assim, essa fatia da população quer saber dos seus direitos, e isso se reflete nos resultados de buscas.
Kalache considera a tecnologia parte fundamental desse processo. Daqui para frente, os idosos serão cada vez mais escolarizados e integrados no mundo digital, o que obriga empresas e profissionais de tecnologia e de marketing a trabalhar tendo essa população em vista.
O fato do Brasil ser um país em envelhecimento não é mais uma perspectiva futura: é o presente. Assim, é preciso entender e integrar essa fatia da população, criando diálogos e construindo pontes. E os ramos do turismo e da hotelaria estão tão inseridos nessa transformação quanto qualquer outro que trate e lide com pessoas em seu dia a dia.
Fonte: Think With Google